REPRODUÇÃO HUMANA
A infertilidade acomete em torno de 14% dos casais.
A infertilidade acomete em torno de 14% dos casais.
O estudo da reprodução humana inclui a fertilidade masculina e a feminina. No entanto, será abordada somente a fertilidade masculina, que é motivo de estudo da Urologia.
A capacidade fértil de um homem é medida através do seu espermatozóide, porém existem diversos fatores que estão envolvidos com a produção, armazenamento e expulsão dos espermatozóides.
A infertilidade acomete em torno de 14% dos casais. Destes, em 25% das vezes o homem é o único com alteração na fertilidade e em outros 25% o homem está envolvido junto com a mulher. Portanto, na metade dos casos de infertilidade conjugal o homem está contribuindo negativamente de alguma forma.
Existem diversas causas de alteração na fertilidade de um homem, portanto a avaliação deve ser completa e muito detalhada. Para isso, é necessária uma boa entrevista inicial. Ali serão discutidos diversos aspectos da vida daquele homem, tratando de assuntos como doenças prévias, medicamentos em uso, cirurgias já realizadas, alimentação, hábitos de vida, paternidade prévia, profissão, entre outros. Após uma longa conversa, também é realizado um exame físico detalhado, em busca de alguma alteração que possa justificar a infertilidade, sendo uma das causas mais comuns a Varicocele, que são varizes, podendo afetar um ou ambos os testículos.
O Espermograma, que é a análise do sêmen, é o exame inicial e o principal para avaliar a fertilidade masculina. Além disso, podemos realizar dosagens hormonais, análises genéticas, exames imunológicos, exames de imagem e, até mesmo, biópsia de testículo quando necessária.
Também conhecido como espermocitograma, este é o exame inicial para qualquer tipo de avaliação da capacidade fértil masculina. O sêmen, material onde faz-se a análise, é colhido através de masturbação. Exige-se um período de abstinência que pode variar entre 2 a 5 dias, que vai influenciar na interpretação do resultado. Em uma amostra de sêmen são realizadas diversas análises como cor, volume, presença de espermatozóides, entre outros. Os parâmetros mais importantes quanto à capacidade fértil são: concentração de espermatozóides, motilidade e o percentual de espermatozóides com a forma normal. No entanto, os demais aspectos também podem dar informações que podem auxiliar no diagnóstico.
Figura 1 - Varicocele É uma das causas mais comuns de alteração da fertilidade masculina, embora 70% dos homens com varicocele sejam férteis. A varicocele é a dilatação de algumas veias do sistema venoso do testículo (figura 1), afetando assim a drenagem sanguínea dos testículos e podendo prejudicar a espermatogênses, ou seja, a produção dos espermatozóides. Está presente em 15% de todos os homens e em 40% dos homens com problemas de fertilidade. A varicocele pode existir desde o nascimento, mas também pode aparecer na idade adulta. Acomete mais frequentemente somente o lado esquerdo (80 a 95% dos casos), podendo ocorrer dos dois lados em 10 a 20% e raramente somente no lado direito.
O diagnóstico é realizado através do exame físico, pois na maioria dos casos não há sintomas. Quando existem sintomas, geralmente a queixa é sensação de peso, dor intermitente ou aumento do volume escrotal. Existe uma graduação para a varicocele, sendo o grau III o maior deles, onde a varicocele é visível, não sendo necessária a palpação para o seu diagnóstico. A varicocele que não se encontra no exame físico, mas somente em exame de imagem, sendo o mais comum a ultrassonografia escrotal com estudo doppler colorido, é a chamada varicocele subclínica, que não tem indicação de tratamento.
O tratamento da varicocele tem por objetivo impedir o funcionamento das veias dilatadas e manter o funcionamento das veias normais. Para tal, existem diversas técnicas de intervenção, sendo a mais usada e mais eficaz a cirurgia microscópica realizada por via subinguinal (inferiormente ao anel inguinal externo). A indicação de tratamento pode variar, sendo a mais comum a alteração na fertilidade do homem, mas também pode ser por sintomas de dor e, nos adolescentes, por estar afetando o crescimento do testículo onde há a varicocele.
A ausência de espermatozóides no ejaculado de um homem é conhecida por azoospermia. Ocorre em 1 a 2% dos homens com alteração na fertilidade. Existem dois tipos de azoospermia: obstrutiva e não-obstrutiva.
A azoospermia obstrutiva é quando o homem produz os espermatozóides normalmente, porém há algum tipo de obstrução no trajeto desde o testículo até o ducto ejaculador. Múltiplas causas podem gerar esta obstrução, sendo as mais comuns de origem infecciosa, cirúrgica ou genética (desde o nascimento). O tratamento consiste em reconstruir o trato reprodutivo, no entanto, quando isto não é possível pode-se realizar uma punção de epidídimo ou de testículo para captação de espermatozóides e, posteriormente, uma fertilização assistida.
A azoospermia não-obstrutiva é quando a produção de espermatozóides é mínima, com a não ejaculação dos mesmos, ou ausente. Ela pode ser primária, quando o homem nasce desta forma, ou secundária, quando ocorre algum fato durante a sua vida que provoca esta alteração.
O tratamento vai depender da causa da azoospermia, sendo que existem medicamentos e cirurgia para obtenção de espermatozóides. Nos casos mais graves, podemos utilizar a microdissecção testicular que nada mais é que a busca nos testículos por áreas de espermatogênese (produção do espermatozóide) com a utilização de um microscópio cirúrgico.
A vasectomia, também conhecida por cirurgia esterilizadora masculina, é realizada com o objetivo de anticoncepção. No entanto, algumas vezes o homem que realizou a vasectomia volta a ter interesse na paternidade. Diante disso, existe a opção de realização de punção de epidídimo para captação de espermatozóides e realização de fertilização, mas também há a opção da reversão da vasectomia.
É uma cirurgia realizada com auxílio de um microscópio cirúrgico, onde procura-se o local da vasectomia prévia e faz-se uma nova anastomose (emenda) no ducto deferente, restaurando a passagem dos espermatozóides e possibilitando novamente uma gravidez espontânea. Os índices de sucesso são altos, sendo em torno de 95% quando realizada nos primeiros 5 anos após a vasectomia.
As vantagens são: poupar a parceira de qualquer manipulação hormonal para a realização de uma fertilização, excelentes resultados, menor custo que uma fertilização, menor índice de gestação múltipla (gêmeos, trigêmeos, etc) e permite a realização de reprodução assistida em caso de falha.
As desvantagens são: resultados menores (quanto maior o tempo após a vasectomia prévia) e dependência da habilidade do cirurgião.
A reprodução assistida é o conjunto de procedimentos que facilitam a aproximação e/ou manipulação do espermatozóides e do óvulo.
Existem várias técnicas que podem ser utilizadas, sendo as mais comuns o coito programado, a inseminação intra-útero, a fertilização in vitro e injeção intracitoplasmática de espermatozóide, conhecida como ICSI.
As taxas de sucesso possuem uma grande variação, pois dependem de diversos fatores, tais como idade do casal, causa da infertilidade, qualidade dos espermatozóides, óvulo ou embrião, assim como a experiência e qualidade da clínica de fertilização.
Com a utilização de qualquer técnica de reprodução assistida não há a pretensão de solucionar o problema de fertilidade do casal, mas sim auxiliar na realização do sonho de ter um filho.
O congelamento de sêmen, ou criopreservação, é a manutenção de espermatozóides em nitrogênio líquido à temperatura de - 196°C, por tempo indeterminado. A qualidade do espermatozóide criopreservado é mantida, sendo que as taxas de gravidez com o sêmen congelado são semelhantes daquelas com o sêmen a fresco.
As indicações para a criopreservação de espermatozóides são:
A criopreservação pode ser realizada em sêmen ejaculado ou em material de punção/biópsia de epidídimo ou testículo.
Para que possa realizar-se esta coleta e posterior congelamento, o homem deve fazer testes sorológicos para segurança do armazenamento, tais como marcadores de HIV, hepatite C, hepatite B, sífilis, HTLV, clamídia tracomatis e, mais recentemente, zyka vírus.
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